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A reestruturação da gramática cinematográfica teve início no século XX e com ela, surgiram novas exigências quanto aos espectadores. O que antes era assistido com o auxílio de explicadores, passou a ser rodado com técnicas mais sofisticadas, que pediam de quem assistia uma atenção maior. Em uma análise do filme Green Book: O Guia, foi possível destacar algumas dessas técnicas.
O filme que retrata Nova Iorque no ano de 1962, traz questões sociais necessárias; a desigualdade social, o racismo e suas variantes. O misto de drama e humor, deixam um ar que emociona, intriga, mas que também diverte de maneira equilibrada. Juntamente a uma trilha sonora impecável que conversa com cada parte do filme, a obra afaga os sentimentos do leitor visual/audível.
Por se tratar de um filme que escancara a desigualdade, em cenas específicas a iluminação por si só já diz o bastante. Uma cena que exemplifica bem, é a de quando o Doutor Shirley, pianista, vai fazer sua apresentação em um restaurante renomado, mas é impedido de entrar para desfrutar da comida oferecida ali devido a sua raça. Decidido a sair daquele lugar, entra em um bar popular e o cenário é completamente diferente. O ar iluminado, que deixava nítido a riqueza do estabelecimento anterior, abre espaço para uma meia luz que traz um certo desleixo ao local mostrado no instante.
Outra cena que cabe o realce, é quando, no meio da rodovia, Doutor Shirley acaba saindo do carro após ouvir uma fala racista de seu motorista. A melancolia da cena é passada de forma impecável, o enfoque em rostos com diferentes expressões, juntamente ao fator externo (a chuva) transparecem uma emoção magnífica! A construção de cada cena, foi minimamente calculada para que pudesse tocar o íntimo de cada um que estivesse disposto a admirar.
Crenças, superstições, o mundo é feito disso, por mais que a sociedade tente se nomear moderna, ela peca com os costumes. Assim como Marx defendia, o homem é produto do meio em que convive. Será que para uma sociedade onde os brancos dominam ser negro é pecado? A bíblia não nos diz nada, mas o meio que convivemos sim. Muitos jovens e adultos têm medo de revelar sua orientação sexual, têm medo de falar como querem diante de público, e o produto desse medo é a sociedade egocêntrica fundada em seus próprios princípios, é o medo de ser feliz, pois muitas vezes nossa felicidade não é bem vista.
Ser artista, mas manter status...Ser negro e ser injuriado... Dr.Don Shirley é condenado por suas escolhas, mas além disso, é perseguido por sua cor. O protagonista é proibido de ser livre, apesar da fama e do talento. Consequentemente não encontra a felicidade por não conseguir se encaixar, vive de acordo com os padrões e teme com o pensamento social quanto a si.
A precisão das cenas e o retrato vinculado a cenografia, enredo, sonorização e enquadramento são o enfoque dessa obra, mostrando a verossimilhança angular em relação ao sentimentalismo produzido pelo personagem, o que dá a obra de Farrelly uma originalidade e acaba levando ao público uma dimensão fabulosa quanto a abordagem, se trata de um verdadeiro espetáculo.

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